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O papel do Pix na revolução da bancarização brasileira e o que esperar para o futuro
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Wagner Martin, VP de Relações Institucionais da Veritran
Wagner Martin, VP de Relações Institucionais da Veritran

O ano de 2020 foi um divisor de águas no Brasil. O timing foi o mesmo, mas aqui não estamos falando da pandemia de Covid-19, que parou o mundo: estamos falando do Pix, que revolucionou o sistema bancário no País e ajudou a democratizar o acesso a serviços financeiros. Essa modalidade foi criada para facilitar as transações digitais de dinheiro e teve adesão até de quem nunca tinha feito uma transferência online na vida (o que contabilizava 50% dos usuários do Pix).

A facilidade de acesso – a única exigência para fazer um Pix é ter uma conta em banco tradicional ou uma carteira digital – e a gratuidade do serviço – em contraste com o DOC e o TED – causaram uma adesão tremenda entre os consumidores brasileiros, acelerando o processo de bancarização de muitas pessoas que sentiam falta dessa simplicidade na hora de realizar pagamentos ou transferências. Até o fim de 2023, segundo dados do Bacen, o Brasil já contabilizava mais de 674 milhões de chaves cadastradas por mais de 161 milhões de usuários.

Pesquisas realizadas pelo Instituto Locomotiva (de 2019 a 2023) mostram que, em agosto de 2019, 45 milhões de brasileiros estavam sub ou desbancarizados, enquanto em janeiro de 2021 esse número havia caído para 34 milhões. A versão mais recente do levantamento aponta 24,4 milhões de sub-bancarizados (não movimentam suas contas) e 4,6 milhões de desbancarizados (sem conta) – e os números seguem caindo. Avançamos em quatro anos o que não aconteceu em décadas e, desde a introdução do Plano Real há 30 anos, não víamos uma transformação tão grande no cenário econômico brasileiro.

A pandemia ajudou nesse momento de inclusão financeira? Certamente! Sem a possibilidade de ir presencialmente ao banco, a digitalização das contas permitiu o acesso aos serviços mais básicos, do recebimento do auxílio emergencial ao pagamento de contas. Mas se não houvesse o Pix, será que ela impulsionaria a bancarização da mesma forma? Eu tenho certeza de que não, e a fila do caixa estaria bem maior. Para constatar isso, basta dar uma volta em qualquer grande centro urbano: até os vendedores ambulantes nos semáforos já aceitam pagamentos em Pix.

Recentemente, um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD) mostrou que mais da metade dos brasileiros (50,5%) acredita que, em 10 anos, não teremos mais moedas físicas ou cédulas de dinheiro. E vou além! Acredito que, em aproximadamente 15 anos, o sistema bancário estará totalmente tokenizado. As pessoas vão sacar valores, pagar e receber troco em tokens.

Para esse cenário acontecer, no entanto, a bancarização da população brasileira deve continuar crescendo nesse ritmo exponencial. Embora o Brasil ainda tenha grandes lacunas em infraestrutura, como acesso à internet e até à energia elétrica, uma das maiores barreiras para a expansão da inclusão financeira ainda é a falta de acesso à educação e a desinformação. De acordo com as estatísticas do IBGE, a maioria das pessoas que não utilizaram a Internet em 2022 tinham menos instrução ou eram idosos (com 60 anos ou mais de idade) e o motivo mais apontado foi não saber usar, sendo essa a resposta de 47,7% dos adultos e 66,1% dos idosos.

Os dados do IBGE mostram que 161,6 milhões de pessoas, com 10 anos ou mais, utilizam a Internet no país. Se contarmos que hoje existem mais celulares que pessoas no Brasil (segundo a 35ª Edição da Pesquisa do Uso da TI, conduzido pela FGV), é possível concluir que este não é o maior empecilho à bancarização, pois o acesso está disponível. O que dificulta é que muitos ainda não conseguem usá-la. Entre as pessoas sem instrução, 39,4% acessaram a internet em 2022 de acordo com o IBGE, percentual bem inferior ao dos demais grupos de escolaridade, como as pessoas com ensino superior incompleto (98,7%) e com superior completo (98,2%).

Dessa forma, começamos a ver o crescimento do uso das carteiras digitais, que muitas vezes utilizam símbolos em vez de palavras e tem uma interface de uso muito mais fácil de utilizar, ou seja, muito mais acessível a pessoas de todos os extremos. Soma-se a isso o impulsionamento feito pelo uso do Pix e vemos o boom da bancarização brasileira dos últimos anos, ultrapassando inúmeros desafios em um país que está em pleno desenvolvimento. A inclusão de desbancarizados e a democratização a sistemas financeiros está ajudando a transformar a realidade social de muitos brasileiros. Nesse cenário, bancos, fintechs e empresas com serviços financeiros devem continuar nesse movimento que hoje é muito mais que financeiro: é humano.

Sobre o autor
Wagner Martin é VP de Relações Institucionais da Veritran no Brasil. Ele possui mais de 15 anos de experiência no setor de tecnologia, com amplo conhecimento de meios de pagamentos digitais, serviços comerciais, autogestão de clientes e operações de vendas e pós-venda.

Editorias: Economia  Informática  Internet  Industria  Serviços  
Tipo: Artigo  Data Publicação:
Fonte do release
Empresa: Camile Freitas  
Contato: Camile Freitas  
Telefone: 11-994505873-

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