Plásticas pós-operação bariátrica: “É como se uma nova vida começasse a partir da cirurgia”
Assim explica a cirurgiã plástica Thamy Motoki ao falar sobre a reação dos pacientes com as plásticas pós-operação bariátrica
O sonho de muitas pessoas que convivem com os problemas de saúde provocados pela obesidade é um dia poder realizar a chamada cirurgia de redução do estômago ou, como é mais conhecida, a cirurgia bariátrica. Através desse procedimento a forma original do órgão é alterada, reduzindo sua capacidade de receber alimentos e, reduzindo assim absorção de calorias e, consequentemente levando a uma perda radical de peso.
Pois bem, quando finalmente o indivíduo com massa corporal acima do normal consegue realizar o procedimento, em pouco tempo começa a notar as mudanças corporais, só que junto com a perda intensa de gordura vem uma frustração: as sobras de pele que se espalham pelo corpo, causando incômodo estético e até psicológico.
É por essa razão que após a realização da bariátrica, na grande maioria dos casos, são recomendadas cirurgias plásticas para retirada dessas partes de peles flácidas e, assim, adquirir uma maior harmonização corporal.
Esse tipo de plástica pode ser feita em várias regiões, de acordo com a necessidade de cada paciente, mas segundo a cirurgiã plástica Thamy Motoki, que atua nos Hospitais Sírio Libanês, São Luiz, Santa Paula e São Paulo, os procedimentos mais buscados são a abdominoplastia e a mamoplastia. E as mulheres são as que mais procuram esse tipo de intervenção pós-redução de estômago.
“Após a perda de peso importante que os pacientes experimentam com a cirurgia bariátrica, o corpo sofre transformações visíveis, principalmente com o surgimento de flacidez de pele nas mais diversas regiões. Esse acúmulo chega, por vezes, a causar dificuldades para a movimentação e até higienização. Outra alteração que se torna evidente é a flacidez muscular que se expressa como diástase dos músculos retos abdominais e hérnias da parede abdominal”, explica a médica, deixando claro que não se trata, apenas, de uma questão estética. “Estamos falando de qualidade de vida, autoestima, bem-estar e melhora da saúde global do paciente.”
Muito além da estética
Existem casos de pacientes que, após a perda de peso devido à bariátrica, ficam com o abdome em avental muito evidente, e que não conseguem sequer fazer higiene adequada da região íntima devido às sobras de pele excessivas na região. “Nesses casos, em especial, recomendamos fortemente que seja realizada a abdominoplastia higiênica. Quando isso ocorre, nem focamos nos aspectos estéticos em si. Nosso objetivo maior é remover aquele excesso de pele e permitir que o paciente tenha condições adequadas de higiene, cuidado, e possa se locomover sem dores”, detalha a cirurgiã.
As plásticas pós-bariátrica podem ser realizadas nas mais diversas partes do corpo: mamas, abdome, braços, costas, nádegas, coxas e até na face. Isso porque é muito comum o ex-obeso ficar com aspecto mais envelhecido e cansado, com a perda de peso. “Para essa correção na região do rosto, geralmente, realizamos o chamado lifting facial para rejuvenescimento.”
A Dra. Thamy explica que, muitas vezes, é preciso fazer a plástica em mais do que um lugar do corpo e é possível que seja feita mais do que uma intervenção no mesmo dia. “Só não recomendo que os procedimentos durem mais do que 6 horas ao todo. Em média realizamos, no máximo, de 2 a 3 cirurgias por vez. Mas cada caso deve ser avaliado individualmente para minimizar os riscos operatórios”, alerta.
Ainda segundo a cirurgiã, essas plásticas devem ser feitas cerca de um ano após a intervenção bariátrica. Esse prazo é necessário porque é importante que o peso corporal esteja estável há pelo menos seis meses. E mais uma vantagem: “Sempre pesamos no intraoperatório a quantidade de pele retirada e isso influencia, sim, no peso final do paciente”, diz Thamy.
Segurança
Apesar de parecer uma cirurgia plástica como tantas outras, a médica explica que esses procedimentos pós-bariátrica acabam tendo um desafio a mais para o profissional, mas que técnicas modernas já garantem excelentes resultados e riscos mínimos para o paciente. “Atualmente o que uso de novidade no intraoperatório para ajudar a tornar o procedimento mais ágil são os grampeadores de pele. Na evolução dos últimos anos aprendeu-se muito no manejo clínico desses pacientes para minimizar riscos de anemia, infecção e trombose. Os procedimentos ficaram bem mais seguros”.
E para que os resultados dessas plásticas sejam, de fato, satisfatórios, o pós-operatório é de extrema importância. É preciso que o paciente siga à risca as orientações médicas e utilize corretamente as medicações prescritas, além de usar malhas cirúrgicas, conforme o recomendado, e respeitar o período de repouso.
Em alguns casos a plástica deve ser evitada. De acordo com a doutora Thamy, existem contraindicações para pacientes que tenham alguma doença sistêmica não controlada (hipertensão arterial, diabetes, cardiopatia etc.); em caso de gravidez ou lactação, ou quando o paciente não estiver com peso estável há pelo menos seis meses após a cirurgia bariátrica.
Vida nova
Além da grande melhora, principalmente na saúde e estética, as plásticas corretivas pós-bariátrica fazem uma enorme diferença, também, na parte psicológica do paciente, que consegue resgatar (ou adquirir) de forma plena sua autoestima.
“Os resultados desse tipo de intervenção são muito bons e os pacientes ficam sempre bastante satisfeitos. Eu costumo notar uma melhora na autoestima já desde o primeiro dia após o procedimento. É como se uma nova vida começasse a partir da cirurgia. Bonito de ver! Aquelas sobras de pele, a flacidez, o fato do novo corpo não combinar com a nova alma, com a nova pessoa que são é o que mais preocupa essas pessoas. E essa é nossa grande missão: fazer com que o corpo vista adequadamente aquela alma”, pontua de forma sensível, Thamy Motoki.