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Andrea Petrillo, sócia e mentora da Santé |
Especialista em Neurociência explica que comportamentos sabotadores tendem a levar à insatisfação no ambiente de trabalho e criam desafios para líderes e colaboradores
Um dos grandes desafios enfrentados por líderes de diferentes setores é gerenciar os sabotadores internos, tanto os seus quanto os de suas equipes. De acordo com Andrea Petrillo, sócia e mentora da Santé, os sabotadores internos são os principais inimigos da produtividade, tanto dentro quanto fora das empresas.
O termo foi criado por Shirzad Chamine, autor do livro Inteligência Positiva, para designar padrões automáticos de pensamento e comportamento que levam ao estresse, à ansiedade e à insatisfação, muitas vezes sem que a pessoa se dê conta de sua influência.
Andrea explica que todos possuem sabotadores, que muitas vezes são formados na infância ou alimentados por experiências passadas, traumas e crenças que se desenvolvem sobre nós mesmos e o mundo à nossa volta.
“O problema surge quando esses sabotadores dominam nossa mente. Nesse estado, o cérebro trabalha contra nós, afastando-nos da produtividade, criatividade e felicidade genuína. Daí a importância de reconhecê-los e identificá-los. Ao tomar consciência de sua presença e impacto, podemos começar a reduzir sua influência”, reforça Andrea.
A especialista esclarece que o Crítico, considerado o pai de todos os sabotadores pelo seu potencial destrutivo, está sempre procurando defeitos em si, nos outros e nas circunstâncias, e é ele que provoca a maior parte dos sentimentos de raiva, decepção, arrependimento, culpa, vergonha e ansiedade.
“Este sabotador é uma voz interna que julga constantemente as nossas ações e as situações em que estamos inseridos, gerando sentimentos de frustração, decepção, inadequação e medo. Trata-se de um comportamento inconsciente e automático que afeta os resultados tanto do indivíduo quanto da equipe. Quando uma pessoa se dá conta, o comportamento já ocorreu”, explica Andrea.
Além do Crítico, cada sabotador possui características específicas que refletem diferentes formas de autossabotagem. Petrillo alerta que todos nós podemos perceber a presença mais latente de um ou mais sabotadores, e que, normalmente, um pode alimentar o outro. Quanto mais autoconsciência, mais fácil será identificar esses padrões mentais e criar estratégias para gerenciá-los.
Os 09 tipos de Sabotadores Internos:
1. Perfeccionista
É perfeccionista e tem necessidade de ordem e organização extrema. Detalhista, raramente fica satisfeito com o resultado das entregas.
2. Inquieto
Está sempre em busca de maior excitação na próxima atividade ou se ocupando constantemente. Raramente fica em paz e satisfeito com a atividade do momento.
Pode deixar passar coisas valiosas por não estar totalmente presente no agora.
3. Prestativo
Está sempre tentando conseguir aceitação por meio de ajuda, elogios etc.
Perde as próprias necessidades de vista e está sempre ressentido com os resultados.
Não sabe dizer não.
4. Hiper Realizador
Depende de desempenho e realizações constantes para conseguir respeito próprio, auto validação e se sentir pertencente. Tem necessidade de autopromoção.
5. Hiper Racional
Foco intenso no processamento racional de tudo, incluindo relacionamentos. Pode ser percebido como frio, distante e intelectualmente arrogante.
6. Esquivo
Foco no positivo e agradável de uma forma extrema. Fuga de conflitos e tarefas difíceis e desagradáveis. Tem perfil procrastinador.
7. Hiper Vigilante
Só olha para o perigo. Vive em ansiedade contínua e inquieta quanto a todos os perigos da vida. Tem grande foco no que pode dar errado.
8. Controlador
Necessidade baseada em assumir a responsabilidade e controlar situações, forçando a ação das pessoas à sua própria vontade, resultando em ansiedade e impaciência.
Em geral, este perfil elimina o potencial do time.
9. Vítima
Estilo emocional e temperamental para conquistar atenção e afeto. Foco em sentimentos dolorosos. Tendência para mártir, é dramático e faz beicinho.
Como mudar o padrão?
O primeiro passo para mudar o padrão é reconhecer o sabotador mais influente. Uma abordagem sugerida é listar, de 1 a 10, os comportamentos mais comuns no dia a dia, considerando não apenas a vida profissional, mas também a pessoal. Os sabotadores que mais interferem na sua vida são aqueles com pontuação acima de 7.
Além disso, a mentora da Santé sugere que o profissional se faça algumas perguntas:
- Qual comportamento que você gostaria de mudar em você?
- Do que você tem medo?
- Quais objetivos você ainda não conquistou?
- O que está no seu caminho que te impede de realizá-los?
- Você joga para ganhar ou para não perder? Ou seja, você tem uma tendência defensiva ou combativa?
- Quais são os obstáculos no seu trabalho? Isso é algo que depende de você?
- Quais são os obstáculos em sua vida? Isso é algo que depende de você?
Ao responder estas perguntas, é possível fazer uma reflexão mais profunda e entender melhor como seus sabotadores estão impactando na sua vida. Outra estratégia sugerida por Andrea é dar um nome ao comportamento. “Nomear o sabotador tira-lhe o poder. Assim, dissocia-se dele e passa a vê-lo como um comportamento, e não como parte de quem você é”.
Andrea também destaca que o cérebro humano tende a focar nas ameaças. Por isso, para suprimir os sabotadores, é fundamental criar e reforçar uma mentalidade positiva. Uma sugestão é fazer pausas mentais ao longo do dia, parar por alguns minutos para respirar profundamente, reconectar-se com o presente e voltar sua atenção aos sentidos.
Por fim, Petrillo ressalta a importância de o líder atuar como mentor, ajudando a sua equipe a reconhecer e mudar seus padrões sabotadores. “Quando conseguimos suprimir os sabotadores, temos uma equipe entusiasmada, curiosa e disposta a partilhar e contribuir com soluções. Por outro lado, quando o líder não conhece e não trabalha para suprimir os seus próprios sabotadores, isso resulta numa equipe ansiosa, desmotivada, desconfiada e que vive na defensiva”.
Sobre a especialista
Andrea Petrillo, é sócia e mentora da Santé. Engenheira formada pela Escola de Engenharia Mauá, tem MBA em Logística e Supply Chain pela FGV e pós-graduada em Neurociência pelo Einstein. É Practitioner pela Sociedade Brasileira de PNL.
Possui mais de 17 anos de experiência em gestão de pessoas e processos, com objetivo de aumentar produtividade, lucratividade e reduzir custo.
Sobre a Santé
Criada por Caroline Garrafa em 2014, após uma jornada por 25 países à procura do que é Felicidade, a Santé nasceu com o propósito de contribuir para a transformação de empresas e pessoas a partir do desenvolvimento de People Skills.
Utilizando a neurociência como base, a Santé criou uma metodologia própria, sustentada por diversas disciplinas que buscam integrar conhecimentos científicos e práticos para o desenvolvimento humano.
Atualmente, a empresa possui quatro sócios e um time de mentores especializados em diferentes expertises. Com sede na capital Paulista e atuação no Brasil e Estados Unidos, a Santé possui programas corporativos (liderança, cultura, gestão) e palestras, além de mentorias individuais e uma imersão exclusiva, chamada Santé Experience.