No mundo contemporâneo, a flexibilidade corporativa vem sendo um termo em destaque. Após a pandemia, ela se tornou um quesito fundamental na hora de escolher um novo trabalho, como mostra o levantamento feito pela Swile, startup de benefícios flexíveis, que revelou que os profissionais que fazem parte das gerações Y (34,8%) e Z (38%) são os grupos que mais priorizam essa modalidade.
Para as companhias, a flexibilidade também traz diversas vantagens. Dentre elas, uma em destaque é a economia. Com o novo cenário econômico, as empresas precisaram segurar os custos e, para isso, estão contando com alguns métodos flexíveis para uma gestão mais eficiente dos recursos financeiros.
A necessidade de um espaço físico fixo, por exemplo, já não faz sentido para alguns negócios. O Work Trend Index Annual Report, pesquisa da Microsoft, mostra que 54% dos gestores globais estão focados na reformulação dos escritórios. Afinal, o maior desafio desse setor é lidar com a pressão do retorno ao presencial, equilibrando escritórios ociosos, altos custos de gerenciamento e a exigência de flexibilidade do mercado de trabalho. Segundo a Woba, maior rede de escritórios flexíveis da América Latina, ao aderir essa alternativa, as empresas chegam a economizar R$ 3 milhões ao ano com a locação.
“Existe um conjunto de fatores que faz com que os gastos sejam menores dentro das corporações, a empresa só precisa entender que isso está muito mais perto do que imaginam. Essa crescente busca por escritórios flexíveis tem ganhado cada vez mais notoriedade e acreditamos que esse é o verdadeiro futuro do trabalho: diminuição de custos, junto de um local com estrutura de qualidade, que ajude a promover produtividade e motivação entre as equipes, garantindo a troca e o mais valioso disso tudo: o sentimento de pertencimento”, comenta Marco Crespo, COO da Woba.
Outra possibilidade para não comprometer o orçamento a longo prazo é a contratação flexível. Para Luciana Carvalho, CEO da Chiefs.Group, HRtech pioneira em Open Talent Economy no Brasil, essa abordagem oferece um excelente custo-benefício para as companhias, uma vez que garante que a força de trabalho seja proporcional às demandas operacionais.
“Os custos envolvidos em uma contratação geram diversos impactos. Nesse caso, a contratação sob demanda busca tornar esse processo mais ágil e assertivo, uma vez que você consegue trazer um profissional qualificado e com experiência para atender as necessidades que existem a curto prazo”, diz.
A executiva comenta que esse é um caminho muito viável para as startups em momento de escalabilidade, por exemplo, que precisam encontrar o equilíbrio entre mão de obra qualificada e a escassez de recursos, mas que pode ser adotado por instituições de todos os portes e setores.
De acordo com ela, a prática da contratação flexível também possibilita o acesso a uma gama maior de profissionais, que, consequentemente, aumenta a lista de softs e hard skills disponíveis no mercado. “Quando as empresas começarem a entender que o futuro do trabalho não é sobre incorporar pessoas à companhia, e sim conectar habilidades às demandas, eles começarão a ganhar mais competitividade”, complementa.
Flexibilizar as datas para pagamentos de salário também otimiza os recursos
Conforme um estudo da Universidade de Warwick, funcionários satisfeitos são 12% mais produtivos e os insatisfeitos têm rendimento 10% menor que a média. Mas não se trata apenas de produzir mais, mas também de reduzir custos. Um dos maiores vilões de escoamento de recursos é o famoso turnover. Nos Estados Unidos, enquanto a média de rotatividade do varejo ultrapassa os 100%, empresas que se preocupam com seu capital humano conseguiram reduzi-la para índices em torno de 5 a 7%.
Outra pesquisa realizada pela PWC em 2022, mostrou que colaboradores que passam por estresses financeiros, em comparação com aqueles que não vivenciam isso, são 6x menos produtivos, estão 7x mais propensos a faltar ao trabalho e estão 2x mais inclinados a buscar outra colocação no mercado.
“No processo de pagamento tradicional que existe hoje na maioria das empresas, a pessoa precisa esperar 30 dias para poder acessar o salário. Essa falta de flexibilidade traz consequências financeiras e emocionais para o colaborador, porque as contas e as emergências não esperam pelo fim do mês, obrigando muitas pessoas a se endividar, recorrer ao cheque especial ou até mesmo atrasar o pagamento de contas. Ao garantir esse acesso ‘flexível’, a empresa dá mais tranquilidade para esse colaborador e contribui para um ambiente de trabalho mais positivo, reduzindo as taxas de absenteísmo e rotatividade. O impacto na retenção e atratividade da marca empregadora é revelador! 79% das pessoas considerariam mudar de trabalho para uma empresa que oferece esse benefício”, explica Mafalda Barros, economista e COO da Quansa, fintech que quer criar uma nova categoria de benefícios corporativos e mostrar que o salário flexível é uma alternativa saudável para que as pessoas tenham liquidez sem se endividar.