SÃO PAULO | “A escrita pode transformar o indizível em uma história. Só que eu não quero contar uma história... eu quero me libertar”, afirma a escritora Etaf Rum, best-seller do The New York Times, com o romance de estreia. Autora palestina-americana, filha de imigrantes, a literatura de Etaf traz a experiência de mulheres do Oriente Médio – especialmente as que vivem entre duas culturas totalmente diferentes. Distinta, desafiadora e sincera, a narrativa dela transita entre as perspectivas das suas personagens mulheres e toda a violência imposta a elas: tanto pela cultura patriarcal quanto pela ocupação israelense dos territórios palestinos. O seu segundo livro – Eu não quero contar uma história – será lançado no Brasil pela Primavera Editorial, a mesma editora em que publicou a primeira obra (Uma mulher não é um homem).
Com a pré-venda em curso e disponibilização gratuita do primeiro capítulo, a obra acompanha a trajetória de Yara, mulher que conquistou o mundo, mas não a si mesma. Criada em uma família palestina conservadora e emocionalmente volátil no Brooklyn, Estados Unidos, ela acreditava que finalmente seria livre ao se casar com Fadi, um encantador empresário. No começo, tudo parecia a realização de um sonho: ela concluiu uma graduação em Artes e conseguiu um bom emprego na faculdade local. Mas ainda precisava desempenhar o papel de esposa tradicional – cuidar da casa e de suas duas filhas em idade escolar, além de preparar o jantar para o marido todos os dias. Yara sabe que sua vida é mais recompensadora do que a da própria mãe, mas ela sente um profundo vazio, o qual não consegue explicar.
Após perder a oportunidade de acompanhar uma viagem estudantil à Europa e reagir a uma provocação racista de uma colega de trabalho, ela é colocada em probação e obrigada a fazer sessões de terapia para se manter no emprego. Sua mãe culpa uma suposta maldição familiar pelos problemas que Yara enfrenta. Embora não acredite em antigas superstições, ela se sente cada vez mais inquieta com o aviso e com a possibilidade de repetir os mesmos erros de sua mãe. Assim, Yara vê seu mundo cuidadosamente construído desmoronar. Agora, para se salvar, ela precisa enfrentar a realidade de que as dificuldades de sua infância, que pensava ter deixado para trás, têm implicações reais e prejudiciais não apenas para seu próprio futuro, mas também para o das suas filhas.
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