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O médico dermatologista Weber Soares Coelho |
A isotretinoína foi tema do noticiário nacional esta semana no caso de um atleta de futebol de equipe de base impedido de jogar por usar o fármaco em um tratamento. A droga tem indicações específicas e deve ser administrada com supervisão médica, mas, apesar de ter revolucionado o tratamento de acnes, é alvo frequente de mitos.
Segundo o médico Weber Soares Coelho, mestre em Dermatologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP, a isotretinoína não compromete a fertilidade masculina ou feminina. Também não causa alteração em fígado, rins e outros órgãos quando feito acompanhamento médico laboratorial adequado – o percentual de casos em que esses órgãos podem ser acometidos está relatado em bula.
“Mas é um medicamento muito associado a mitos, o que é prejudicial em muitos aspectos. Ela não é indicada para afinamento do nariz, por exemplo, e os efeitos adversos são controlados e cessam quando o uso é interrompido”, alerta o médico, que é membro efetivo da SBD-Sociedade Brasileira de Dermatologia. Ele explica que a isotretinoína é usada há 32 anos em muitos países para tratamento de acnes de graus 3 a 4, de moderada a grave, especialmente para adolescentes, mas também há indicações para adultos. É um fármaco seguro quando administrado com acompanhamento médico. Os efeitos colaterais apresentados pelos pacientes são ressecamento de pele, lábios, olhos e/ou septo nasal, o que é controlado com hidratação indicada também pelo médico. As contraindicações são para gestantes e pacientes que consomem bebidas alcoólicas.
Acne
Acne é uma doença e afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Estudos apontam que mais da metade das mulheres acima de 25 anos de idade tem acne facial, devido a características genéticas. “Mas os hábitos alimentares, o aumento da poluição nos grandes centros e o estresse são condições que podem provocar o surgimento de acnes na fase adulta, quando todo mundo pensa já ter se livrado delas”, diz o médico.
Ele esclarece que há quatro classificações da doença – do grau I (acne sem lesões ou inflamações), ao grau II (pequenas lesões com bolinhas de pus), grau III (já apresentam cistos) e grau IV (as mesmas manifestações, porém mais agravadas).
“Não é uma doença apenas da adolescência e é preciso tratamento específico. A automedicação pode agravar o quadro. Indicações de vitamina C, mudança de hábitos alimentares e autocuidados resolvem muitas vezes, mas, para os casos mais graves, a isotretinoína tem sido a opção mais segura. Acne não é apenas uma questão estética, daí a necessidade de avaliação médica”, finaliza.