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‘Não somos uma máquina de produtividade, temos que abrir espaço para o afeto’, avisa Alexandre Ribeiro
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‘Não somos uma máquina de produtividade, temos que abrir espaço para o afeto’, avisa Alexandre Ribeiro
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Escritor que saiu de favela na Grande São Paulo para cursar universidade alemã participou do segundo dia do evento on-line Revolução Poética: Festival de Ideias

\"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e horizonte corre dois passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que não deixe de caminhar”. Foi com esta reflexão do diretor de cinema argentino Fernando Birri (1925-2017), que o escritor Alexandre Ribeiro encerrou sua fala na noite de segunda-feira (26/04), no evento on-line Revolução Poética: Festival de Ideias, promovido pela Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto e que prossegue até esta terça (27).
E que esta caminhada em busca dos próprios sonhos seja leve. “É preciso deixar a pressão de lado. Não somos uma máquina de produtividade, temos que abrir espaço para o afeto. Aliviar a nossa trajetória nos dá mais perspectivas para o futuro. Acredito muito que, sendo quem nós somos é que vai nos levar mais longe”, analisou o escritor que, aos 22 anos, sabe muito bem do que está falando.

Cria da favela da Torre, em Diadema, na Grande São Paulo, filho de uma diarista e de um vigilante, Alexandre teve uma infância e juventude com todos os ingredientes para levá-lo a engrossar as estatísticas. “A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. Já levei enquadro da polícia quando terminava de escrever um livro na rua da favela, com arma apontada e tudo. Um movimento impensado e hoje não estaria aqui, falando com vocês, mas teria virado estatística, por isso acho muito importante fazer uma literatura que honre o nosso povo”, avaliou.

Aos 11 anos, perdeu o pai para a gripe H1N1, que ficou 12 horas esperando por um atendimento no posto de saúde e não resistiu a um infarto. Alexandre teve que partir para a luta. Fez coisas de que não se orgulha e poderia ter se perdido nas ruas, mas encontrou heróis e heroínas que o “resgataram”: a mãe, Silvia, o poeta Rodrigo Ciríaco e a professora de Português do ensino médio, Michele, que já via nos escritos do aluno um futuro promissor.

Correria nas ruas
Junto ao trabalho de jovem aprendiz em lojas de departamento ou escritórios, Alexandre levava a vida na correria, vendendo CDs de rap e seus próprios escritos pelas ruas. “Neste universo rapper encontrei pessoas como eu que, apesar de todas as dificuldades, estão aí para buscar seus sonhos”, reconheceu.

Adolescente, resolveu ter aulas de jornalismo em um projeto para jovens da periferia. Com os colegas de curso, escreveu “Prato Firmeza – guia gastronômico das quebradas de São Paulo”, livro finalista do Prêmio Jabuti em 2016. “Fazia muitas coisas, fazia o que gostava, mas me sentia pressionado. Dos 11 aos 17 anos eu só trabalhava, nunca tive férias neste período. Era trabalho, bico, correria. Então juntei um dinheiro e fui com um amigo para Salvador”, relembrou. Uma viagem que deu novos rumos à trajetória de Alexandre. Na Bahia, o garoto da periferia de Diadema conheceu Jéssica, uma alemã/moçambicana e se apaixonou. “A partir dali, percebi que o amor pode ser revolucionário. O amor traz o afeto, que pode ser expresso em palavras, como um meio de revolução”.

E Alexandre pôde, então, aliviar a pressão para se dedicar à arte. Escreveu “Influorescência”, livro de poesias que imprimia em casa e vendia nas ruas. Depois foi premiado por uma lei de incentivo do Estado e escreveu “Reservado”, seu primeiro romance, “a história de um jovem que pode ser eu, ou qualquer outro da periferia, da cor do talvez, que só consegue se realizar reservadamente”, explicou.

As portas se abriram, os horizontes chegaram e se expandiram. Alexandre passou em uma seleção para fazer trabalho social voluntário em uma escola para pessoas com algum tipo de deficiência na Alemanha. Ficou um ano, veio a pandemia de Covid-19 e os planos de voltar para o Brasil foram frustrados. Foi à luta, conseguiu uma bolsa de estudos, também por meio de trabalho voluntário, para cursar uma faculdade de Humanidades em Berlim. Com “Reservado” debaixo do braço, rodou por feiras de literatura em Frankfurt, Veneza, Londres e Porto. Tem inúmeros planos para o futuro, mas o desejo já sedimentado é de brevemente voltar para a favela da Torre, criar um centro cultural, oferecer cursos de idiomas, ensinar arte, dar oportunidades a gente como ele, e de mostrar seus trabalhos, como diz, “da quebrada para o mundo”.

Revolução Poética
Para discutir o tema “A utopia realizada” junto ao escritor, participaram do debate a mestre de cerimônia da noite e superintendente da Fundação do Livro e Leitura, Viviane Mendonça, a psicóloga e professora Ana Elídia Torres, Larrisa Aires, participante do projeto NAU (que é uma iniciativa do Instituto SEB para apoiar jovens na conquista de um emprego), e a atriz e contadora de história Tânia Alonso que, antes da palestra de Alexandre Ribeiro, apresentou, com Thais Foresto (Floresthá), a contação da história do livro “Cidade das Mulheres”, de Cristina Pisano, trazendo assuntos históricos e contemporâneos sobre as violências e opressões que as mulheres podem sofrer socialmente.

O escritor participou do evento direto de sua casa, na Alemanha, enquanto demais participantes estavam, seguindo todos os protocolos de saúde e segurança orientados pela OMS, no Instituto SEB – A Fábrica.

O “Revolução Poética – Festival de Ideias” foi contemplado pelo edital ProAc Expresso LAB 40/2020 criado através da Lei Aldir Blanc. Trata-se de um projeto realizado pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Instituto SEB e Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto.

O festival terá atividades até terça-feira (27) com a participação do escritor e professor Alfredo Pena-Vega, às 19h30, e da professora, Maria Adélia Souza, às 21h30, além de apresentações artísticas de Ni Brisant e Coletiva de Rua Sarau Disseminas, às 19h, e de Leser MC, às 21h. Os interessados em participar da atividade podem acessar as redes sociais da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto (YouTube e Facebook) ou a plataforma digital (http://www.fundacaodolivroeleiturarp.com/). As atividades são abertas e gratuitas ao público e contam com tradução em Libras.

Editorias: Cultura e Lazer  Educação  Feminina  Masculino  Mídia  
Tipo: Pauta  Data Publicação:
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Empresa: Verbo Nostro Comunicação Planejada  
Contato: Verbo Nostro Comunicação Planejada  
Telefone: 16-36108659-

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