Designers precisam saber lidar com o novo e situações inusitadas

Saber lidar com o novo e situações inusitadas não é tarefa difícil para profissionais que já trabalham com isso o tempo todo: os designers. De acordo com o doutor e consultor em Design, Camilo Belchior, devido à versatilidade e grande demanda por esse mercado, é possível continuar o desenvolvimento profissional mesmo durante a pandemia do novo coronavírus. “O design é uma profissão multidisciplinar e transversal. Possuímos muitos recursos e ferramentas que nos auxiliam em momentos de crise”, afirma.

Com 30 anos de atuação, Camilo vê o momento como mais uma possibilidade de crescimento. “Em tempos de crise, a criatividade é um dos diferenciais dos designers. Uma das principais características desse profissional é justamente a de desenvolver novos projetos por meio de um processo analítico na resolução de problemas – e uma pandemia, como a que vivemos agora, é um deles”, afirma.

Ele explica que a forma de pensar de um designer o leva a observar os problemas e questões a serem resolvidas por ângulos que a maioria das pessoas não percebe. Esse olhar promove um exercício criativo que, inevitavelmente, estará associado a um pensamento estratégico inerente à profissão.

Para exemplificar esse processo, o designer mineiro volta ao tempo e relembra o grande período de recessão pela qual o Brasil passou em 2008. Muitas empresas de pequeno porte tiveram sérios problemas econômicos, principalmente as marcenarias, já que a madeira apresentava preços exorbitantes para compra e venda.

Foi aí que, em meio ao caos, Camilo desenvolveu o projeto “Orgânicos”. O foco era ressignificar o compensado, que além de barato, era considerado material marginal na sociedade. “Ele era utilizado apenas em forros, atrás de armários e por debaixo de fórmicas, mas nunca aparente. Camilo então deu uma nova roupagem ao material, apresentando uma linha completa de mesas, bancos e cadeiras, totalmente produzidos com compensado aparente e completamente futurísticas. “Foi como dar vida a algo que passava despercebido. Com o projeto, reduzimos custo e conseguimos tornar mais suave um momento difícil. O design é assim, enxergar possibilidades em tudo”, comenta.

Crise e design
O mercado mundial, em especial o brasileiro, exige dos profissionais projetos e produtos cada vez melhores, ainda mais agora que as empresas precisam se destacar no mercado. E, embora isso já faça parte da rotina mercadológica, o profissional precisará ir além e mostrar ainda mais para que veio.

Para Camilo Belchior, nos últimos cincos anos a profissão se atualizou em uma velocidade assustadora. Ao mesmo tempo que se expandiu, ampliou suas conexões com outras áreas do conhecimento, fomentando possibilidades jamais vistas anteriormente.
“Acredito que, nos próximos cinco anos, o designer estará muito mais conectado a questões sustentáveis e sociais do que é hoje. Fará uso da inteligência sistêmica na criação, produção, distribuição e reaproveitamento de produtos. Além da atribuição de novos significados para coisas e situações”, afirma. Ele ressalta que, para a maioria das pessoas, situações e objetos perdem seu sentido rapidamente e acabam sendo descartadas, substituídas ou esquecidas. “A crise irá modificar nossos valores e tudo será diferente daqui para frente. Aprenderemos o real significado da palavra “ressignificação!”.