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O impacto do edge computing na economia da América Latina |
Gustavo Pérez*
Nos últimos dois anos, o assunto recorrente nas organizações e em todos os setores econômicos tem sido a transformação digital. A forma como trabalhamos, compramos e acessamos serviços e entretenimento mudou rapidamente. De acordo como App Attention Index 2021 da AppDynamics, o número de aplicativos usados diariamente pelas pessoas aumentou 30% em relação a 2019.
E não apenas a quantidade de aplicativos aumentou, também aumentou a quantidade de dispositivos conectados à Internet graças à expansão da Internet das Coisas (IoT).
Dados da Statista estabelecem que até 2030 existirão 29,4 bilhões de dispositivos conectados às redes no mundo. Isso resulta em um maior volume de dados sendo processados simultaneamente.
O edge computing surgiu como a chave para menor latência e uma experiência do usuário aprimorada, levando o processamento dos dados para mais perto de onde são originados, ao invés de enviá-los em longas jornadas para data centers e para a nuvem.
Trata-se de um novo mundo, em plena construção.
Como o edge computing e o 5G se complementam?
Levar o processamentos dos dados para mais perto da sua fonte não é o suficiente para reduzir o tempo entre o envio de uma instrução, a geração de uma ação e o retorno ao dispositivo. A qualidade da rede de suporte é igualmente importante.
As redes 5G oferecem um maior amplitude de velocidade, largura de banda e conectividade para reduzir a latência no processamento dos dados. Isso quer dizer que o 5G é o facilitador daquilo que o edge computing pretende fazer. Ao mesmo tempo, os data centers de edge computing são essenciais para levar a infraestrutura das redes 5G para mais perto dos usuários finais.
Quais usos práticos o edge computing pode ter?
Um dos principais desafios que as organizações enfrentam à medida que expandem seu uso de edge computing é a grande variedade de casos de uso que podem surgir. Para simplificar e acelerar a implementação da infraestrutura de edge, há uma classificação dos casos de uso de edge mais importantes em quatro categorias, ou arquétipos
• Aplicações com uso intenso de dados: Elas envolvem uma quantidade tão grande de dados que camadas de computação e de armazenamento são necessárias entre o endpoint e a nuvem. Por exemplo, fábricas inteligentes, cidades inteligentes, entrega de conteúdo em alta resolução e realidade virtual. • Aplicações sensíveis à latência humana: Serviços otimizados para o consumo humano ou para melhorar a experiência do usuário, como realidade aumentada, distribuição inteligente e processamento de linguagem natural. • Aplicações sensíveis à latência máquina-a-máquina: Como o arquétipo anterior, mas com menos tolerância das máquinas à latência, por exemplo, sistemas inteligentes de segurança que dependem do reconhecimento de imagens, transações financeiras automáticas como negociação de ações, e redes elétricas. • Aplicações críticas para a vida: Serviços que têm um impacto direto sobre a saúde ou a segurança e, portanto, exigem latências muito baixas e disponibilidade muito alta. Carros autônomos e a telemedicina são dois exemplos claros dessas aplicações.
O que significa desenvolver um ambiente para edge computing?
O projeto para a infraestrutura de uma aplicação na borda da rede requer que sejam consideradas as necessidades de computação, o ambiente físico, as necessidades de alimentação de energia e de gerenciamento térmico, bem como a segurança física, o monitoramento remoto e os recursos de gerenciamento.
Felizmente, há um movimento para simplificar e padronizar os processos de compra. Há designs de referência que proporcionam soluções integradas para lidar com os desafios mais comuns neste ambiente. Estes designs podem ajudar os operadores a acelerar o planejamento e minimizar o tempo para implementação, ao mesmo tempo em que oferecem uma solução completa de infraestrutura crítica, incluindo o gerenciamento e monitoramento remoto de TI.
Como garantir a segurança na borda da rede?
Como ocorre com quaisquer dados críticos, os dados na borda precisam estar sujeitos às melhores práticas de segurança. Como qualquer outra área de TI, ela requer uma estratégia de defesa que reforce cada ponto de entrada para evitar uma violação.
Essa estratégia está centrada no SASE (Secure Access Service Edge), um modelo de segurança proposto pela Gartner em 2019 focado na infraestrutura na borda da rede e que combina segurança na nuvem, gateways seguros e redes SD-WAN.
Qual o impacto do edge computing na América Latina?
A implementação do edge computing na América Latina está se tornando cada vez mais difundida devido às possibilidades que ele representa para o mercado. O IDC mostra que esta região está aumentando substancialmente seus investimentos em tecnologias para o edge, com uma Taxa de Crescimento Anual Composta (CAGR) de 16% para o período de 2019-2024.
A empresa de consultoria estima que os segmentos industrial, bancário, varejista, de telecomunicações e de seguradoras estão posicionados para ter os maiores impactos das implementações de edge computing da América Latina. Juntos, esses segmentos representaram 57% do valor total do mercado de edge computing em 2020.
De acordo com o Banco de Desenvolvimento da América Latina, 32% da população latino-americana não tem acesso a serviços de internet. Para uma região como a nossa, o edge computing oferece a promessa de melhoria da qualidade dos serviços, bem como redução do gap digital existente.
*Gustavo Pérez é Diretor de Vendas para contas nomeadas para a Vertiv América Latina.
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