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Por que as mulheres são a solução para a alta demanda por talentos de TI na América Latina |
Jessica Garcia*
A baixa representatividade feminina no setor tecnológico não é nova. Um estudo realizado pela Laboratoria em conjunto com o IDB Lab mostra que apenas 25% dos profissionais de TI do mundo são mulheres. Esse dado reflete o acesso limitado que as mulheres têm às carreiras em TI.
A crescente dependência da economia global por tecnologia resultou em uma maior demanda por profissionais de TI na América Latina e em uma grande oportunidade para as mulheres entrarem em um campo estável e em crescimento. Como relatado pelo IDC, o mercado latino-americano da tecnologia da informação cresceu 8,5% em 2021, 9,4% em 2022 e deve crescer em 2023 ao redor de 12% Mas a América Latina não tem sido capaz de fornecer a força de trabalho digital para apoiar esse crescimento. De acordo com o Page Group, 48% das vagas abertas em TI não podem ser preenchidas devido à falta de profissionais.
A escassez de talentos é ainda mais aguda nos data centers. Projeções do Uptime Institute estimam que, até 2025, a América Latina precisará de mais 21.000 profissionais de data center, desde engenheiros elétricos e mecânicos e técnicos operacionais até especialistas em controle e monitoramento de infraestrutura. Além disso dados da UNESCO mostram que as mulheres na América Latina representam atualmente 35% dos alunos inscritos em carreiras STEM, mas apenas 3% delas optam por carreiras em TI. A oportunidade está madura para que as mulheres tenham um papel chave em atender à necessidade da América Latina por profissionais de data center.
Mas o que precisa acontecer para motivar mais estudantes e formandas STEM a buscar uma carreira em TI?
Os obstáculos para as mulheres na área tecnológica
De acordo com o Boston Consulting Group e o Women’s Forum, a ambição não é um destes obstáculos. Um relatório de 2022 afirma que, embora as mulheres na área tecnológica pareçam ser mais ambiciosas do que os homens (com um maior número planejando buscar promoções em 1 a 3 anos), elas também eram mais propensas a rejeitar ofertas de emprego. A pesquisa mostra que 60% das mulheres na área tecnológica rejeitaram cargos devido a responsabilidade de cuidar de outras pessoas, comparado com 45% dos homens.
Mas a responsabilidade de cuidar de outras pessoas não é o único fator. De acordo com o estudo da Laboratoria e do IDB Lab , há oito obstáculos influenciando as oportunidades que as mulheres têm para acessar e desenvolver uma carreira na área tecnológica:
1. Limitações atuais no setor de educação 2. O impacto restritivo dos papeis dos gêneros 3. A socialização dos estereótipos e o preconceito inconsciente relativo à performance das mulheres 4. A falta de equidade na distribuição das tarefas domésticas 5. A ausência de modelos de comportamento, ou ‘role models’ 6. A constante discriminação no emprego 7. Ambiente de trabalho que dificulta o crescimento profissional 8. A crença na estratégia neutra em relação a gênero
O papel da indústria
Para vencer estes limites, é fundamental que a indústria seja cada vez mais receptiva às mulheres. Entre 2020 e 2023, abrimos 1.278 vagas em operações da América Latina, em cidades como Mexicali, Reynosa, Tijuana e Monterrey no México, Sorocaba e São Paulo no Brasil, Bogotá e Medelín na Colômbia, Santiago no Chile, Lima no Peru e Buenos Aires na Argentina.
Apesar dos desafios, há também uma maior conscientização e esforços feitos pelas indústrias de TI e de data centers para promover a diversidade e implementar iniciativas que fomentem a inclusão de mulheres em campos relacionados a TI, como por exemplo, proporcionar educação e programas de treinamento em áreas como ciência da computação, engenharia de software e gestão de dados, e incluir as mulheres em programas de aprendizado e de desenvolvimento profissional.
Como exemplo, na América Latina, temos implementado programas de mentoria para mulheres que já são parte da empresa e que são apoiados por diretores e diretoras que compartilham suas experiencias e insights em competências relevantes. Isso não apenas cria uma rede de contatos para as mulheres no programa, mas também as ajuda a construir competências críticas e a agir como modelos de comportamento para outras mulheres na indústria.
*Jessica Garcia é Diretora de Recursos Humanos da Vertiv América Latina.
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