|
... |
Festival Literário Internacional de Poços de Caldas, realizado de 21 a 25 de julho, em formato 100% digital, contou com debate sobre o processo de criação, publicação e divulgação independente de livros
Belo Horizonte (MG), 27 de julho de 2021 – Neste ano, o Flipoços – Festival Literário de Poços de Caldas – aconteceu de forma 100% virtual entre os dias 21 a 25 de julho. Um dos destaques do festival foi o bate-papo entre três autoras nacionais que são campeãs de vendas de livros digitais na Amazon: Jéssica Macedo, Mari Sales e Kel Costa. Com uma hora de duração, o debate on-line trouxe um pouco da vida e as experiências pessoais de cada autora e também dicas para quem está interessado em ingressar no mercado dos e-books. A programação fez parte da Sala de Autores e Lançamentos com o tema “Autor independente: da criação à divulgação do livro”.
A jornalista Lilian Cardoso mediou o debate e fez uma série de perguntas e apontamentos para as escritoras que enriqueceu a conversa. O trio, que, em conjunto, possui tantos livros escritos que ultrapassam as centenas, é dotado de uma experiência sem igual com o mercado de leitura digital. Conforme citou a mediadora, elas realizam suas publicações na Amazon de forma rápida e prática através da ferramenta KDP – Kindle Direct Publishing –, que permite que escritores vendam seus e-books na plataforma do Kindle sem pagar por isso.
Ficou claro para quem participou do debate que fazer parte do mundo dos escritores profissionais nem sempre foi tão fácil quanto o KDP promete hoje. A exemplo disso, Jéssica contou como foi a experiência de publicar um livro pela primeira vez, de forma impressa, aos 14 anos. “Antes da chegada do KDP, eu vivi um pouco do mercado tradicional. Minha mãe patrocinou meu primeiro livro e meus outros na sequência foram publicados via editora - com foco no exemplar físico. O que eu sinto com a chegada do KDP foi uma democratização. Ele possibilitou o contato direto do autor com o leitor, sem todos aqueles intermediários que levam um livro até a vitrine da livraria”.
Atualmente, Jéssica Macedo revelou que está focada em escrever romances young adult e também trabalha em projetos criativos com Mari Sales - estes consistem em criar um único universo que ambas possam explorar em suas obras, produzindo uma espécie de crossover – isto é, o encontro de histórias paralelas em um contexto em comum – com personagens que se conhecem e interagem entre si e nos enredos de cada uma. Um exemplo que segue esse formato é “Thomy & Milly: e o amor proibido”, publicado recentemente pelo Grupo Editorial Portal.
As duas autoras falaram um pouco de como são as estratégias de marketing dos seus lançamentos. Elas comentaram que o spoiler faz parte de sua rotina de divulgação. Através dos grupos de WhatsApp que mantêm com seus leitores, elas compartilham trechos das histórias que estão produzindo no momento, que servem para criar uma expectativa e despertar uma fagulha de curiosidade a respeito do enredo. “Sobre esse aquecimento [da publicação do livro], eu tenho o hábito de todo dia soltar um spoiler, um trecho do que eu escrevi naquele dia”, conta Jéssica. Para ela, este recurso tem sido muito útil para atrair leitores. “Quando você já está divulgando o livro e o lançamento é daí uma semana ou a um mês, as pessoas já vão separar essa data para se disponibilizar a ler”.
O debate também revelou que o marketing do autor independente é diferente do feito pelo autor que é publicado tradicionalmente por uma editora. Na visão do trio, embora tenha se tornado mais fácil colocar à venda seus e-books, principalmente com o surgimento da ferramenta KDP, elas concordaram que ainda é difícil construir uma base de fãs sólida o suficiente para fazer sucesso no mercado. “A criação da imagem do autor e o contato com o leitor são essenciais”, frisou Jéssica.
Mari Sales encerrou o bate-papo com uma dica: “para ter mais visibilidade como autor, leia. Leia e fale dos outros livros, comente nas obras de outros autores e só então fale das suas próprias. Os leitores muitas vezes leem porque se conectam com você enquanto pessoa. E, se gostam do que você escreve, procuram seus outros trabalhos”.