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Lidando com o Coronavírus sendo grupo de risco
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Era maio de 2018 e fui acordada no meio da noite por uma dor horrível nas costas. Não conseguia achar posição na cama sem que doesse. Tomei um anti-inflamatório e acordei no dia seguinte sem dor, mas não menos preocupada.


A suspeita do massagista em 10 dias de dor bem menos aguda era que eu houvesse quebrado uma costela. Decidi dar um pulo no Pronto Socorro. Não havia muito o que fazer no caso da costela, mas como o ortopedista havia lido na ficha que eu tinha Sarcoidose, não me deixou que saísse do PS sem passar na clínica, para verificar se não podia ser outra coisa.

A Clínica, por sua vez, pediu apenas que eu fizesse uma tomografia, coisa de rotina da sarcoidose, só por desencargo. Fiz uma. Mandou eu repetir, agora com contraste. Saí da sala da Tomo de cadeiras de roda e internada imediatamente. Dali para frente não poderia mais por os pés no chão: havia tido uma dupla embolia pulmonar com infarto do pulmão.

Protocolo básico, 48h de internação, Clexane, repouso e confinamento, mais alguns exames para ver pressão pulmonar e consequências cardíacas. Tinha uma audiência pública por mim organizada na ALESP no dia seguinte para debater o projeto de classificação dos municípios de interesse turístico. Tinha um Happy Hour do recém nascido Movimento 133... tudo sendo atrapalhado pelo eletrocardiograma, o ecocardiograma, o clexane, o confinamento ao quarto.
Mas, como a vida é a sucessão de fatos entre a hora que nascemos e a hora que deixamos este plano, nunca me esquecerei da cara do médico ao realizar meu ecocardiograma... uma cara de terror e medo, uma série de perguntas que eu não entendia. Voltei ao quarto e tive uns 5 AVCs imaginários. Que raios o médico havia visto? O pneumologista havia dito que eu já podia descer para tomar café 3 minutos antes de eu descer para esse exame.

Bem, havia um trombo de 3cm alojado em uma das cavidades cardíacas. Quando meu coração batia, o trombo, preso apenas por um fiozinho, girava enlouquecido e podia desprender-se a qualquer momento. E aí: fim. Qual o protocolo? Não há. Nunca ninguém tinha visto isso (o segundo caso, ao que parece, foi no Bruno Covas. Alô, prefeito!). Repouso absoluto enquanto médicos debatiam se serravam o peito, se administravam um roto rooter, ou se eu fica em observação até sumir com a heparina...

Foram 45 dias de heparina na veia. 18 deles na cama da UTI. E o trombo lá, sendo resistência! Apelidei-o de Michel Temer, porque não devia estar ali e recusava-se a sair. E se recusou. Sobrou para os últimos 10 dias da internação, a recuperação da trombectomia, feita com abertura total do esterno, mais uma breve estadia de 3 dias na UTI e mais 7 no quarto. Renasci. E pude assistir toda a Copa do Mundo (fui operada num dia de pausa de jogos entre as fases finais, por favor).

Neste tempo fui revirada. Não era fumante. Fazia uso prolongado de anticoncepcional (sim, sempre ele. Mulheres que não querem ser mães são mesmo descartáveis, mas isso é outro assunto), com mais de 35 anos e doença inflamatória, a Sarcoidose. Suspeita-se que foi essa a razão da trombose.

Neste tempo também, aprendi a palavra resignação. Em 55 dias fiz o que podia, o que dava. Aprendi o meu limite, achei graça na fisioterapia, flertei com o médico da UTI, troquei figurinhas com os médicos, comentava a Copa no Facebook, atendi muito prefeito dali da cama (um abraço imenso para Mineiros do Tietê e São Sebastião da Grama, grandes companheiros de leito!), fiz reunião organizando a eleição da OAB, lidei com a incerteza dando risada. E como ri no meu Trono de Travesseiros, Rainha da Paciência, a primeira em meu nome.

Pode ter sido um treino para o momento atual. Não posso sair, mas já tô escolada. Se eu pegar o vírus, talvez a sarcoidose ajude a tumultuar a progressão e eu possa piorar muito rapidamente; mas até aí, se o trombo se deslocasse eu não duraria 15 minutos. O único problema muito grave agora é que cancelaram as Olimpíadas!

Mariana Lacerda é advogada e porta-voz da Rede Sustentabilidade no estado de São Paulo

Editorias: Feminina  Saúde  Sociedade  
Tipo: Artigo  Data Publicação:
Fonte do release
Empresa: TSA Comunicação  
Contato: Alex Torres  
Telefone: 19--

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