De 8 a 11/11/2017, Belém do Pará sedia a 14a edição do Congresso Brasileiro de Hansenologia, promovido pela Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH). O tema central do evento é \"HANSENÍASE: o Brasil precisa falar e agir sobre isso!\". A SBH lançará um desafio aos profissionais de saúde para que somem esforços no intuito de ampliar o diagnóstico em todo o território nacional. Em sua mensagem, o presidente da entidade, Marco Andrey Cipriani Frade, alerta para a falta de políticas públicas que levem informação à sociedade e também aos profissionais de saúde sobre sinais e sintomas da doença.
Segue discurso que será pronunciado na abertura do evento e que traz informações e alertas sobre o cenário da hanseníase no Brasil.
\"Caros amigos e parceiros da SBH,
Sejam todos bem-vindos ao 14° Simpósio Brasileiro de Hansenologia, realizado pela nossa SBH.
Com o tema central “HANSENÍASE: o Brasil precisa falar e agir sobre isso!”, estamos trazendo conhecimento atualizado a todos os profissionais que realmente trabalham com o paciente portador de hanseníase.
Lamentavelmente, o Brasil continua sendo o segundo país no mundo em número de casos de hanseníase e isso se reafirma na prática clínica, tanto pelo número de crianças ainda diagnosticadas em locais de endemia mais alta, quanto pelo percentual de pacientes já incapacitados no diagnóstico em áreas não endêmicas.
Embora os números oficiais demonstrem redução da hanseníase no país, realidades em diversos estados demonstram que isso é resultado da falta de políticas públicas que levem informação à sociedade e também aos profissionais de saúde sobre sinais e sintomas da doença. Esses profissionais encontram-se despreparados e desencorajados de assumirem o diagnóstico de hanseníase, que continua sendo essencialmente clínico e complexo.
No Brasil, observa-se ainda, significativo despreparo da atenção básica para o reconhecimento diagnóstico da hanseníase, assim como de muitas referências em hanseníase, que foram desfeitas ou ficaram quase que exclusivamente responsáveis pela condução dos casos reacionais, efeitos adversos a drogas, tratamentos substitutivos, casos recidivantes, avançados e incapacitados pelo tardar do diagnóstico. Ambos os pontos da linha de cuidado do paciente com hanseníase perderam a expertise do diagnóstico precoce, casos majoritariamente negativos aos exames complementares, o que tem gerado conflitos significativos quanto ao diagnóstico definitivo da hanseníase e levado pacientes a incapacidade importante, além de manter a cadeia de transmissão da doença.
Cumprindo o seu papel de informar e atualizar, a SBH reúne no 14º Congresso Brasileiro de Hansenologia diversos cientistas e profissionais da área, nacionais e internacionais, para discutir a doença em toda sua complexidade, buscando aprimorar meios de seu reconhecimento baseados nas suas alterações cutâneo-neurológicas da sensibilidade, disautonomias e da força muscular, discutir novas drogas e exames laboratoriais, além de elencar e compartilhar experiências efetivas e exitosas no treinamento dos profissionais e que possam repercutir diretamente na vida dos pacientes.
Sabemos das dificuldades de todos frente às distâncias continentais do Brasil, mas realizamos o congresso numa uma região hiperendêmica para hanseníase, objetivando alardear também a realidade epidemiológica. Por outro lado, o Pará é rico em sua cultura, musicalidade e gastronomia, além de ter um povo simples e de um calor acolhedor ímpar, motivos pelos quais conclamamos todos os associados e amigos da SBH a participarem ativamente do nosso congresso, para que possamos aproveitar mais esta oportunidade de aprimoramento e comprometimento em relação à hanseníase no país, pois só o conceito destrói o preconceito!
Desejo um grande evento a todos nós!\"
Marco Andrey
Presidente do 14º Congresso Brasileiro de Hansenologia
Diretoria Sensibilidade Sempre 2015-2017