Cerca de 400 mil brasileiros possuem estomias, aberturas que funcionam como comunicação de um órgão ao meio externo. Essa condição ganhou destaque após as cirurgias pelas quais o presidente Jair Bolsonaro foi submetido, quando precisou usar, durante alguns meses, a bolsa de colostomia. Mas são diversas as situações que levam à realização deste procedimento: como casos de câncer, traumas abdominais, doenças inflamatórias intestinais, entre outras. A colostomia, realizada no intestino grosso, corresponde a 60% dos casos.
“É importante ressaltar que o uso de uma bolsa externa ligada ao intestino exige cuidados especiais, com o acompanhamento de uma equipe multiprofissional, com enfermeiros estomaterapeutas, nutricionistas, psicólogos, médicos especializados e apoio da família”, afirma a Profa. Dra. Maria Angela Boccara de Paula, presidente da Associação Brasileira de Estomaterapia: estomias, feridas e incontinências – Sobest.
Estar com uma estomia intestinal, seja ela definitiva ou temporária, demanda cuidados para que a pessoa possa retornar às atividades da vida diária. Por isso, 5 de outubro, Dia Mundial da Pessoa com Estomia, é a data escolhida para que todos os pacientes sejam lembrados da importância do cuidado especializado. Assim, é fundamental que receba orientações de profissionais especializados, sempre que possível de um enfermeiro estomaterapeuta, para que assim esteja apta a realizar o autocuidado.
É importante que essas orientações sejam realizadas de forma gradativa, à medida que a pessoa se reestabeleça do ato cirúrgico, que muitas vezes pode ter complicações, como infecções no local da cirurgia, surgimento de deiscências e fístulas. “Essas complicações são mais frequentes quando o procedimento cirúrgico é de urgência e não há o preparo pré-operatório, o que pode retardar o processo de cicatrização e a recuperação da pessoa”, destaca Angela Boccara.
Cabe dizer que o reestabelecimento da rotina diária depende também da correta indicação do equipamento coletor, que deve permitir a coleta do efluente (fezes) sem escapes, de modo que garanta segurança da pessoa e evite complicações como as dermatites periestomia. O tipo de equipamento a ser indicado depende de alguns fatores como: tipo de estomia confeccionada, localização da estomia no abdômen, condições da pele periestomia, presença de processos alérgicos e habilidades manuais da pessoa, por exemplo. A avaliação destas condições e outras como aspectos emocionais, profissão, tipo de roupas que a pessoa costuma usar e rotina diária são essenciais para a boa indicação do equipamento coletor e ensino do autocuidado.
Aprender o autocuidado é essencial e é o objetivo principal do cuidado a pessoa com estomia. O enfermeiro estomaterapeuta é o profissional especialista apto a realizar este cuidado com excelência.