“A produção excessiva de fórmulas lácteas para bebês e crianças pequenas exacerba os danos ambientais e deve ser motivo de crescente preocupação global”, argumentam especialistas do British Medical Journal, BMJ, em artigo publicado, agora, em outubro.
Além disso, os autores destacam que as pesquisas mostram que a amamentação exclusiva, por seis meses, economiza aproximadamente 95-153 kg de CO2 equivalente por bebê, em comparação à alimentação com fórmula.
Somente para o Reino Unido, a economia de emissões de carbono obtida ao apoiar as mães a amamentar equivaleria a tirar de 50.000 a 77.500 carros das estradas a cada ano, escrevem os autores. Para isso, eles pedem uma ação urgente do governo para apoiar a amamentação como parte de um compromisso global de reduzir as pegadas de carbono em todas as esferas da vida.
A indústria de alimentos, particularmente a produção de laticínios e carne, contribui com cerca de 30% dos gases de efeito estufa globais, explicam os cientistas. A maioria das fórmulas é baseada no leite de vaca em pó. O metano da pecuária é um poderoso e significativo gás de efeito estufa e o leite de vaca tem uma pegada hídrica de até 4.700 litros por quilograma de pó.
Além disso, a fórmula infantil em pó só pode ser feita com segurança com água que foi aquecida a pelo menos 70°C, proporcionando um uso de energia equivalente a carregar 200 milhões de smartphones por ano.
E metade dos gases de efeito estufa associados à produção de fórmulas provém de fórmulas subsequentes, que são desnecessárias e potencialmente prejudiciais, informam os autores do estudo.
Importância do leite materno para o ambiente
E como o leite de vaca em pó é nutricionalmente inadequado para um bebê em desenvolvimento, a fórmula é complementada com aditivos como óleo de palma, coco, colza e girassol; óleos de fungos, algas e peixes; e minerais e vitaminas. Embora ainda não esteja claro se esses suplementos são nutricionalmente adequados ao desenvolvimento, sua produção tem um efeito prejudicial inegável ao meio ambiente, apontam os cientistas.
Outros custos para o meio ambiente incluem uso de papel, resíduos de plástico e transporte em vários estágios na produção, comercialização e venda de substitutos do leite materno. O impacto ambiental de muitos aspectos da produção de fórmulas, como transporte, não está documentado.
Amamentação e meio ambiente
“Por outro lado, a amamentação usa poucos recursos e produz desperdício mínimo ou zero, defendem os autores do trabalho, e os resultados associados à saúde infantil e materna produzem populações mais saudáveis que usam menos recursos de saúde”, informa o pediatra homeopata, Moises Chencinski.
Apesar de todos esses benefícios, os autores apontam que, globalmente, apenas 41%, dos 141 milhões de bebês nascidos anualmente são amamentados exclusivamente até os 6 meses. O Reino Unido possui algumas das menores taxas de aleitamento materno do mundo e um dos mais altos usos da fórmula per capita, apesar de mais de 85% das mulheres grávidas desejarem amamentar.
“Essa é uma responsabilidade social para a qual todos podemos contribuir. É necessária uma abordagem multiprofissional, incluindo suporte aprimorado para as mães, melhor acesso ao leite de doadores rastreados, de um banco de leite regulado, quando é necessária a suplementação, que pode apoiar a amamentação, e aumento do número de consultores especializados em lactação em todo o mundo”, afirma o médico, criador do Movimento #EuApoioLeiteMaterno.
Apoio à mãe que amamenta
As mudanças culturais também estão atrasadas para remover os inúmeros obstáculos à amamentação enfrentados pelas novas mães, acrescentam os pesquisadores. “Precisamos reconhecer que as próximas gerações exigem que ajamos rapidamente para reduzir as pegadas de carbono em todas as esferas da vida. A amamentação faz parte desse quebra-cabeças e é necessário investimento urgente em todo o setor”, observa Moises Chencinski.
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