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Paula Baillot - Presidente da ABRATEC – Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Construção Civil |
A ABRATEC– Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Construção Civil – quer mudar essa realidade e vai intensificar a agenda de trabalho para conscientizar as empresas do setor que é mais barato, em termos de custos e de imagem, investir na qualidade dos processos e materiais construtivos do que refazer obras mal realizadas, diz a engenheira Paula Baillot, que acaba de assumir a presidência da entidade
O Brasil ainda está muito distante de um controle da qualidade das obras realizado com excelência, sejam elas da construção civil, o que inclui moradias e edificações empresariais, ou de infraestrutura, que abrangem desde a simples pavimentação de ruas até grandes complexos construtivos, a exemplo de túneis e hidrelétricas. “As normas que regulamentam qualquer empreendimento construtivo são bastante relegadas a segundo plano na maior parte do País, o que pode representar riscos e gastos desnecessários com o refazimento das obras”, diz a engenheira Paula Baillot*, presidente da ABRATEC – Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Construção Civil**.
A cadeia produtiva da construção é constituída por diversos setores básicos, dentre eles: estudos e projetos, fabricação de materiais, planejamento e construção e manutenção durante a vida útil. O controle da qualidade permeia por todos eles e o controle tecnológico assume uma importância fundamental durante a realização dos serviços de construção e manutenção. Ele avalia todo o processo envolvido em uma obra, desde as características do solo, projetos de arquitetura e engenharia à qualidade dos materiais e de que maneira são empregados. Deve, naturalmente, ser realizado por empresas independentes e especializadas, com competência comprovada, para que se alcance a isenção necessária e se atinja o objetivo de segurança para os consumidores que toda a construção precisa oferecer. No entanto, boa parte das companhias do setor não levam esses requisitos em alta consideração, o que pode comprometer a qualidade final dos empreendimentos, explica Paula Baillot, que é engenheira civil , pós-graduada em Gestão Ambiental pela Escola Trevisan, possui MBA em Marketing pela FGV – Fundação Getulio Vargas e também formação em Gestão Empresarial pela Universite Paris 1 Pantheon Sorbonne.
“As empresas costumam olhar mais para custos do que para a qualidade e segurança das obras, o que é um equívoco, pois os gastos com controle tecnológico variam de 0,5% a 1,5% do valor total da construção; nunca ultrapassando os 2% em casos de obras mais complexas. Se analisarmos que gastos com manutenção corretiva de projetos e obras mal feitas, recuperação e substituição de materiais decorrentes da utilização e aplicação de produtos que não estão em conformidade podem chegar a 12% do valor total da construção nos primeiros cinco anos de vida útil, veremos que é muito mais lucrativo investir num bom controle tecnológico. Sem contar os prejuízos não mensuráveis para os consumidores, como o não cumprimento de prazos de entrega ou ter um imóvel com problemas até que sejam resolvidos, por exemplo; bem como perdas para marcas e imagens das empresas que entregam produtos sem qualidade”, argumenta Roberto Vergueiro*, também engenheiro e vice-presidente da ABRATEC.
Qualidade é missão
Para mudar esse cenário, a instituição está implementando uma agenda forte de trabalho em âmbito nacional com a finalidade de aumentar a conscientização das empresas do setor sobre a importância e necessidade de se atuar com rígidos controles da qualidade. “Vamos atuar em várias frentes, desenvolvendo guias, manuais, cartilhas e seminários, que podem ser realizados também em conjunto com outras associações e universidades; a fim de difundir as normas que regem essa área e que devem ser cumpridas, além de mostrar os diferenciais dos laboratórios de tecnologia acreditados INMETRO”, ressalta Paula Baillot, que assumiu recentemente a presidência da ABRATEC.
A nova diretoria da entidade observam os executivos, tem a missão de aproximar o Brasil no campo do controle tecnológico das obras aos padrões que vigoram em países europeus e nos Estados Unidos, bem mais avançados nessa área porque suas empresas já trazem essas “normas no DNA”. “Os países onde as regras de qualidade são seguidas à risca nem precisam de uma associação como a nossa. Se a ABRATEC existe, é porque há muito a ser feito no Brasil”, afirma a presidente da entidade, que tem como objetivo fomentar e fortalecer o setor de controle de qualidade na construção, melhorar a atuação das associadas e ampliar esse mercado no Brasil.
Conforme Vergueiro, o cenário já foi pior. Fundada em 1999, a instituição sem fins lucrativos vem desenvolvendo esse trabalho ao longo de quase 20 anos, enfrentando as dificuldades de se atingir um país com dimensões continentais, como o Brasil. Os avanços tecnológicos na área de controle da qualidade na construção, registrados nesse período no Brasil, e que foram substanciais, também se devem às empresas associadas à entidade, que têm investido pesadamente para oferecer ao mercado brasileiro as melhores técnicas disponíveis mundialmente, praticamente ao mesmo tempo em que são lançadas lá fora, adaptando-as às características do País. Investem também no desenvolvimento local de novas tecnologias, inserindo o Brasil num mapa mundial onde poucos países se sobressaem.
Acreditadas e auditadas
Conforme Paula Baillot, as empresas associadas à ABRATEC seguem normas internacionais e nacionais, como as da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Além disso, todos os serviços prestados pelos laboratórios dessas companhias têm sistemas de qualidade auditados anualmente pelo INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia e Normalização Industrial e os procedimentos utilizados no controle de qualidade seguem padrões internacionais.
Essas empresas investem ainda recursos consideráveis na qualificação e atualização técnica de seus colaboradores, observa Vergueiro, e na própria qualidade de seus laboratórios de ensaios, que devem ser acreditados.
Acreditação é o reconhecimento formal por um organismo de acreditação, de que um organismo de Avaliação da Conformidade – OAC (laboratório, organismo de certificação ou organismo de inspeção) atende a requisitos previamente definidos e demonstra ser competente para realizar suas atividades com confiança. A acreditação, no caso dos laboratórios, segue as condições estabelecidas na NBR ISO/IEC 17.025, que “requer rastreabilidade dos padrões do laboratório ao Sistema Internacional de Unidades; adequação aos métodos e práticas internacionais; pertinência dos procedimentos; uso adequado dos equipamentos; instalações apropriadas e capacitação profissional do pessoal do laboratório”.
*Paula Baillot – Presidente da ABRATEC – Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Construção Civil e diretora do Sinaenco – Sindicato da Arquitetura e da Engenharia, é Engenheira Civil e diretora da Alphageos – Tecnologia Aplicada. Formada pela Escola de Engenharia da Fundação Armando Álvares Penteado, pós-graduada em Gestão Ambiental pela Escola Trevisan, tem MBA em Marketing pela FGV – Fundação Getulio Vargas e também formação em Gestão Empresarial pela Universite Paris 1 Pantheon Sorbonne.
*Roberto Vergueiro – Vice-presidente da Abratec – Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Construção Civil, Vergueiro é diretor da Texte – Engenharia e Tecnologia.
**A Abratec – Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Construção Civil foi fundada em 1999 com objetivo fomentar o controle de qualidade tecnológico junto às empresas da construção para que ofereçam ao consumidor final obras mais seguras e bem acabadas, além de expandir esse mercado no Brasil. São associadas à entidade as empresas Alphageos – Tecnologia Aplicada, Concremat Engenharia, Egis – Engenharia e Consultoria, JBA – Engenharia e Consultoria, EPT – Engenharia e Pesquisas Tecnológicas, Falcão Bauer – Centro Tecnológico de Controle de Qualidade e Texte – Engenharia e Tecnologia que, juntas, têm sido decisivas para o desenvolvimento tecnológico do setor no Brasil, ao investir no desenvolvimento de novas técnicas e na capacitação, qualificação e atualização dos profissionais responsáveis por garantir a segurança e a qualidade das obras realizadas no País.