Bullying nas escolas de SP chega a 29%

Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo identificou que 29% dos jovens sofreram bullying em 2019 em escolas públicas. Os dados são do Projeto São Paulo para o Desenvolvimento Social de Crianças e Adolescentes (SP-Proso), coordenado pela professora Maria Fernanda Tourinho Peres, do Departamento de Medicina Preventiva da FM-USP, e Manuel Eisner, diretor do Violence Research Centre e professor da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. (Leia a íntegra na Agência Brasil)

Não é de hoje que se fala em bullying dentro das escolas. Algumas instituições trabalham há anos a prevenção deste mal que assola a vida dos adolescentes. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) 11,5 milhões de brasileiros têm a saúde mental fragilizada.

“99% dos jovens que chegam ao meu consultório com alguma questão no ajuste escolar não têm qualquer patologia. São frutos da sociedade contemporânea. Muitos já chegam rotulados – pela família, colegas ou escola – de forma nada construtiva para a sua saúde mental e desenvolvimento social e cognitivo”, diz a especialista em psicopedagogia e diretora do Centro de Estudos Seminarios de Psicopedagogia, Edith Rubinstein.

“A saúde do aluno está explícita em seu sorriso, no tamanho da janela do seu quarto, no número de árvores na rua, na quantidade de praças no bairro”, diz Ausônia Donato, especialista em saúde pública e diretora do Colégio Equipe, em Higienópolis. Segundo ela, é importante trazer em todas as situações de ensino-aprendizagem e na comunidade escolar uma reflexão sobre a questão da saúde. “Temos de socializar a ideia de que saúde é um direito”, diz. No Equipe, a disciplina Saúde Pública faz parte do currículo.

A Aubrick Escola Bilingue Multicultural, na zona sul, é a única escola brasileira filiada à rede internacional britânica Round Square. São 200 escolas em 50 países que têm em comum a política de proteção à criança e adolescente e um currículo voltado para a educação do caráter. As centenas de escolas trabalham em rede e colocam seus alunos, de diversas idades, a saírem de suas zonas de conforto através de trabalhos comunitários que impactam e ampliam suas visões de mundo. Segundo a diretora, Fátima Lopes, a escola acredita na potência de cada um dos seus alunos e investe em um corpo docente que dê conta dos alunos de forma personalizada. “ Sempre fomos muito preocupados com a saúde das relações entre nossos alunos, e depois que a Aubrick foi aceita a fazer parte do programa Round Square, potencializou muito nosso trabalho de educar. Encontramos uma rede de escolas que pensam a educação exatamente como pensamos”, diz.

Em 2018 a Escola Stance Dual, no centro, ganhou o prêmio internacional de Embaixadora da Paz pela ODAEE. Este prêmio reflete o trabalho que a escola desenvolve – há 28 anos – na formação de alunos que enxergam o mundo e suas necessidades, através de ações que promovem impactos positivos para a sociedade e para sua saúde global.

“Existe uma crença nossa, e isso está escrito na missão da Stance, que a escola desenvolve os aspectos afetivos, cognitivos e social de forma integrada, que denominamos “desenvolvimento socio afetivo intelectual”, diz a psicóloga e orientadora educacional, Ana Cláudia Correia. Ela explica que não é uma aula de ética, ou uma palestra sobre bullying que formarão os alunos cidadãos e incutirão a cultura da paz. Para Ana Claudia, ações pontuais são acessórias. O importante é ter atividades e propostas incorporadas no dia-a-dia da escola, como a “equipe de ajuda”, quando alunos são treinados e formam turmas para resolver conflitos entre os colegas e trabalham a prevenção do bullying e da violência.

A diretora do Centro Educacional Pioneiro, na zona sul, Irma Akamine, começou a estudar a suicidologia, projetos destrutivos e luto para poder lidar com as angústias que passaram a aflorar entre os grupos de jovens. “Tínhamos um psicólogo na escola, mas comecei a perceber que tinha de estar mais perto dos alunos pra poder entender essa doença que está se aflorando entre eles (ansiedade e depressão são algumas)”, diz.

A diretora elegeu os dois professores mais próximos dos alunos para atuarem como tutores. “São professores de áreas com muita sensibilidade e que os alunos adoram. A cada 15 dias, eu e os tutores nos reunimos para discutir o desenvolvimento de cada um dos nossos alunos baseados em estudos e bibliografia academicamente muito consistente. No próximo ano vamos ampliar esse trabalho. Colocaremos na grade de todo ensino fundamental 2 a nova disciplina “Ética e Projeto de Vida” e com a assessoria do GEPEM – Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral, da Unicamp, implantaremos os grupos de ajuda entre os alunos, para que a escuta entre os pares seja ampliada de forma efetiva”, diz a diretora.

O coordenador de humanidades do Pioneiro e um dos tutores – Mario Fioranelli Neto – conta que o trabalho de formação da moral do aluno é trabalhoso, mas é muito gratificante. “Nasceu há uns cinco anos como suporte para a coordenação, e acabamos aprendendo muito durante o processo. Começamos a estudar muito o Ulisses Araújo (Unicamp), funcionou e continuamos no processo”, diz. Para Fioranelli, o trabalho que desenvolve junto aos jovens é de provocação. “Provoco, para fazê-los refletirem. E isso tem de ser o tempo todo! Em paralelo, trabalhamos a ampliação do repertório cultural sobre temas do mundo contemporâneo. Refugiados, cotas raciais, aborto, escola sem partido, bitcoin, violência contra a mulher são alguns dos temas debatidos junto aos alunos, e em horário noturno, com todos os professores e funcionários do colégio em um fórum de discussões. Por trás de todo esse trabalho, queremos enfatizar o respeito pelo outro”, diz o professor.



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Tipo: Pauta  Data Publicação: 13/02/20
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