“Estamos acostumados a cobrar da polícia as soluções para a criminalidade e deixamos as questões sociais e econômicas para o segundo plano”, ressalta o advogado Lincoln Filocre, que lança agora, em agosto, a sua terceira obra sobre o assunto segurança pública, o livro “Sociedade (In)Segura – teoria da percepção de desigualdades”, pela editora Lumen Juris.
O autor defende a tese de que as desigualdades social e econômica, bem como a percepção de risco que elas criam nas pessoas, explicam a criminalidade não organizada. “Por mais que se invista na polícia, e por mais que os policiais sejam bem treinados, a criminalidade continuará em alta se a desigualdade persistir no país”, argumenta o advogado. Para o autor quanto mais se cobra da polícia a diminuição da criminalidade, mais acontecem abusos policiais, mais balas perdidas, mais mortes de inocentes e mortes de policiais em serviço.
O objetivo do autor é demonstrar que existem mecanismos psicológicos que explicam como as pessoas são levadas ao crime em decorrência da percepção de desigualdades que elas experimentam em suas vidas. “Quanto maior a nossa percepção de desigualdade, maiores as nossas chances de entrarmos para a criminalidade”, comenta.
Sem deixar de ressaltar a importância do trabalho policial, o advogado destaca que a polícia tem o dever de observar alguns limites de atuação. “Por mais que a criminalidade seja um problema bastante sério em nosso país, a polícia não pode ultrapassar o limite da proibição do excesso, devendo agir sempre dentro da legalidade, mesmo que o nível de violência social permaneça elevado”, conta.
O autor, que não gosta de ser chamado de ‘especialista’, entende que a mentalidade de quem vive no crime organizado funciona de maneira diferente quando comparada à mente do criminoso comum. “No crime organizado o agente tem a cabeça de um negociante, enquanto quem está na criminalidade comum fica sujeito a decisões arriscadas vindas da percepção das desigualdades que existem no ambiente onde ele vive”, argumenta.
Sobre o autor
Lincoln Filocre é advogado e físico, diretor do Instituto Brasileiro de Direito e Política de Segurança Pública (IDESP Brasil) e membro da Sociedade Americana de Criminologia. Também é autor dos livros “Direito de Segurança Pública: limites jurídicos para políticas de segurança pública”, publicado pela editora Almedina (Portugal), e “Direito Policial Moderno”, pela editora Almedina do Brasil.
Serviço:
O livro é encontrado na Editora Lumens:
https://lumenjuris.com.br/